De manhã e no Inverno

Quem sofre de depressão, de manhã ao despertar, fica preocupado com a perspectiva de enfrentar o dia que o espera, tendo a percepção deste facto com um sentimento de angústia. A situação melhora com o passar das horas.


Além disso, as crises são mais frequentes no Inverno e no Outono, notando-se uma certa melhoria na Primavera. Estas fases alternadas parecem ser condicionadas pelos níveis variáveis de algumas hormonas no sangue, durante o dia e as estações do ano, relacionadas sobretudo com a mudança da luz. E o fiel da balança nesta situação parece ser a melatonina, uma hormona produzida pela hipófise (que se situa numa zona profunda do cérebro), cuja produção é influenciada pela quantidade de luz que chega à retina, a membrana que reveste a parte interna do olho.

 

O suicídio

Finalmente, o risco de suicídio não deve ser subestimado. Cerca de 25% dos deprimidos que não são devidamente tratados tentam pôr termo à vida, e cerca de metade consegue levar a cabo os seus intentos. Os deprimidos que se suicidam têm baixos níveis de serotonina no cérebro e a carência deste neurotransmissor pode favorecer comportamentos depressivos e agressivos, potenciando o risco de suicídio.

 

Todas as suas formas

O buraco negro da depressão pode manifestar-se sob diversas formas, pois não existe uma depressão, mas sim depressões. Compete ao psiquiatra identificar os vários tipos e prescrever o tratamento adequado.

 

Depressão major

Esta forma é caracterizada por humor deprimido, em que o indivíduo comunica através da fala, da mímica e do comportamento, uma vivência de dor e abatimento (manifesta um aumento da irritabilidade, acessos de cólera, frustração, tristeza.) Esta vivência é diferente da tristeza normal a que cada um pode estar sujeito nas situações desfavoráveis da vida, tanto em intensidade e duração como pela sua natureza; além disso, contrariamente ao que sucede na tristeza normal, o indivíduo atingido por esta forma de depressão mostra-se insensível ao encorajamento, à amizade e ao amor. Outros sintomas associados a estes são: a diminuição ou desaparecimento do interesse e do prazer em todas ou quase todas as actividades habituais, como a presença do companheiro ou dos filhos, o desporto, a música, os hobbies; o abrandamento da actividade psíquica e motora, que leva o deprimido a falar pouco e a mover-se pouco, lentamente e com dificuldade; a falta de energia; o sentimento de inadptação, inutilidade, desespero, sentimentos de culpa; a falta de apetite e perda de peso; as perturbações do sono (sofre de insónia quase total ou de despertar matinal precoce; pensamentos de morte e por vezes ideias ou tentativas de suicídio).

Os períodos de depressão têm um início e um fim mais ou menos identificáveis e, entre um período e outro, o indivíduo deprimido sente-se bem. Cada episódio pode manifestar-se espontaneamente ou após determinados momentos de stress.

Esta forma de depressão tem frequentemente origem familiar; é muito sensível aos fármacos e pouco à psicoterapia.

 

Distimia

O termo distimia indica uma forma de depressão ligeira crónica que perdura por um período mais longo. Embora possa acontecer a qualquer um sentir-se desmoralizado, triste ou inadaptado, quem sofre de distimia tem sintomas depressivos quase diariamente e durante grande parte do dia, por um período mínimo de dois anos. Estes indivíduos podem ainda mostrar pouca auto-estima, comer e dormir mais ou menos do que o habitual, sentir-se fatigadas, ter dificuldade em se concentrar ou tomar decisões e experimentar uma sensação de desespero. Estes sintomas, porém, são menos graves do que os da depressão major.

Os responsáveis da farmacopeia dos EUA consideram a distimia como um "problema de saúde pública extremamente grave, que tem sido muito ignorado". Os especialistas em saúde mental, pelo contrário, têm vindo a discutir desde há anos se a distimia representa realmente uma perturbação diferente da depressão major, mas ainda não se chegou a uma resposta definitiva.

 

Depressão é uma doença?

 

É uma doença "do organismo como um todo", que compromete o físico, o humor e, em conseqüência, o pensamento. A Depressão altera a maneira como a pessoa vê o mundo e sente a realidade, entende as coisas, manifesta emoções, sente a disposição e o prazer com a vida. Afecta a forma como a pessoa se alimenta e dorme, como se sente em relação a si próprio e como pensa sobre as coisas.

A Depressão, portanto é uma doença afectiva ou do humor, não sendo apenas sinal de fraqueza, de falta de pensamentos positivos ou uma condição que possa ser superada apenas pela força de vontade ou com esforço.

 

A Depressão, portanto é uma doença afectiva ou do humor, não sendo apenas sinal de fraqueza, de falta de pensamentos positivos ou uma condição que possa ser superada apenas pela força de vontade ou com esforço.

As pessoas com doença depressiva (estima-se que 17% das pessoas adultas sofram de uma doença depressiva em algum período da vida) não podendo simplesmente melhorar por conta própria e através dos pensamentos positivos, conhecendo pessoas novas, viajando, passeando ou tirando férias. Sem tratamento, os sintomas podem durar semanas, meses ou anos, podendo resultar numa inibição global da pessoa, afetando a parte psíquica, as funções mais nobres da mente humana, como a memória, o raciocínio, a criatividade, a vontade, o amor e o sexo, e também a parte física.

Sintomas

A pessoa deprimida não tem ânimo para os prazeres e para quase nada, não encontrando sentido para a vida. Apesar de ter consciência das coisas boas de sua vida, saber que os motivos para seu estado sentimental não são tão importantes e de não desejar estar dessa forma, continua muito deprimida.
Existem muitas maneiras de expressar um estado de depressão, e cada pessoa terá um tipo de comportamento, por exemplo: há pessoas que ficam caladas diante das suas preocupações, outras choram, outras contam suas dificuldades para todos, outras sentem dor de estômago e alguns têm até aumento da pressão arterial.

 

Tratamento

O tratamento adequado, entretanto, pode ajudar a maioria das pessoas que sofrem de depressão, Atualmente os medicamentos para depressão são muito eficientes, específicos e cada vez com menos efeitos colaterais. Os antidepressivos NÃO são calmantes. São substâncias específicas para a correção do humor ou do afecto.
Se o paciente é deprimido, o tempo de tratamento pode ser mais longo e, inversamente, se o paciente está deprimido, passa apenas por uma fase de Depressão, podemos pensar num tratamento mais breve.

É importante não confundir o sentimento de tristeza com depressão. Se a pessoa está triste e consegue lidar com esse sentimento, então ela não está em nível de depressão, afinal a tristeza é uma conseqüência de factos da vida, por exemplo: perca de emprego. E quando a pessoa não consegue lidar com os seus sentimentos e perde a vontade de fazer o que gosta, não conseguindo ver o lado positivo na situação, o melhor conselho é procurar um profissional para o melhor diagnóstico.

Um amigo ou familiar está com depressão, o que fazer?

Em primeiro lugar deve-se compreender que a pessoa não tem culpa de estar deprimida, e que ela não pode simplesmente sair dela. Tentar animar a pessoa deprimida, mostrando as coisas boas da vida, na maioria das vezes só piora as coisas. Você se sentirá frustrado e a pessoa deprimida se sentirá mais culpada ainda. Algumas atitudes, entretanto, podem ser extremamente úteis:

• Escutar a pessoa deprimida: encorajar a pessoa a falar sobre seus sentimentos, oferecer apoio; não tente resolver os problemas dela, apenas escute
• Não critique, pois as pessoas deprimidas são muito sensíveis e isso pode fazê-las desmoronar
• Não tome a depressão do outro como sua culpa
• Não pressione
• Não assuma as responsabilidades dela
• Não perca a paciência, a pessoa deprimida pode estar irritável
• Ofereça simpatia e compreensão

publicado por damasceno às 22:17