Aguiar da Beira fica mais uma vez de fora do Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC), que para 2009 também deixa em branco o concelho de Trancoso, enquanto Manteigas tem prevista uma verba pobre de mil euros. Um montante incluído na dotação global de 55,4 milhões de euros inscrita para o distrito da Guarda, que volta a sofrer uma redução no orçamento definido pelo Governo, posicionando-se em 14º lugar a nível nacional. De 2008 para 2009, a Guarda perde quase 2,5 milhões de euros, sendo o único distrito a norte do rio Mondego, e dos poucos no País, a não receber mais dinheiro que no ano em curso.

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A construção do Tribunal Judicial de Gouveia, com cerca de dois milhões de euros, a criação da EB 1,2 da mesma cidade, a ampliação e remodelação do Hospital Distrital da Guarda e o Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Côa, este com uma verba inscrita de cerca de três milhões, são os projectos que se destacam no Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC) 2009 para o Distrito.

Gouveia é o concelho que recebe mais dinheiro (4.099.546 euros), seguido de Vila Nova de Foz Côa (3.450.000), Guarda (2.131.029), Seia (578.600), Figueira de Castelo Rodrigo (562.800), Celorico da Beira (241.176), Pinhel (129.000), Fornos de Algodres (45.840), Mêda (28.070), Sabugal (20.000), Almeida (18.464) e Manteigas (1.000 euros). Dos 14 concelhos do distrito da Guarda, dois ficam em branco neste programa do Governo: Trancoso e Aguiar da Beira, este pelo segundo ano consecutivo.

No caso de Almeida, o valor inscrito em PIDDAC vai todo para o projectos no âmbito do programa Redes Culturais, enquanto que, em relação a Celorico da Beira, se destina à requalificação do Centro Histórico da Vila e ao Quartel da GNR local. A verba destinada a Figueira de Castelo Rodrigo vai para instalações judiciais e remodelação do parque escolar, em Fornos de Algodres deverá ser aplicada na valorização do centro histórico de Figueiró da Granja, na requalificação da Mata Municipal da Serra da Esgalhada e no arranjo da área envolvente do Mercado Municipal e construção de mercado ao ar livre.

Em Gouveia, os cerca de quatro milhões de euros vão essencialmente para a construção do Tribunal Judicial, da EB 1,2 e do Pólo de Formação local. Na Guarda, o Hospital leva a maior fatia de uma verba distribuída também pela remodelação do Centro Educativo do Mondego, Centro de Formação Profissional, construção no novo quartel da GNR e conservação do parque escolar. No concelho de Manteigas, a verba de apenas mil euros está destinada à recuperação urbanística da Praça Luís de Camões, no Centro Histórico da vila.

A construção do Mercado Municipal e projectos no âmbito do programa Redes Culturais ficam com os pouco mais de 28 mil euros inscritos para o concelho de Mêda. Já em Pinhel, o dinheiro vai para o Centro de Emprego, conservação do parque escolar e arranjos urbanísticos. No Sabugal, o total da verba destina-se a melhoramentos em seis localidades do Concelho, e em Seia os 578.600 euros são distribuídos pelo Centro de Formação Profissional, remodelação em instalações judiciais e requalificação urbanística dos centros históricos de Seia e Loriga. Em Vila Nova de Foz Côa, o Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Côa leva 2.950.000 euros do investimento, ficando 500 mil euros para o Parque Arqueológico.

 

Ana Manso critica PIDDAC, Fernando Cabral diz que corresponde às expectativas

Confrontado com os números do PIDDAC, o presidente da Câmara de Aguiar da Beira diz não estranhar o facto de o concelho que dirige não ser considerado no orçamento. “Já não estranho esta situação, porque já no ano passado aconteceu isso e nos anos anteriores o Concelho teve uma verba praticamente nula”, refere Fernando Andrade, lamentando o facto, visto que o Concelho necessita de um maior investimento. Frisa, de resto, que Aguiar da Beira é um concelho “com muitas carências, que não pode ser esquecido pelo Governo”.

Ana Manso, deputada do PSD na Assembleia da República, sublinha que “num total de 4 mil milhões de euros, a Guarda tem uma dotação de 55,4 milhões, a que correspondem apenas 12% do total e um 14º lugar no ranking nacional”. A deputada lamenta que o Distrito continue a ficar prejudicado, lembrando que de 2008 para 2009 o valor total do PIDDAC “aumentou em mais de 440 milhões de euros e a Guarda perdeu quase 2,5 milhões”. Perante estes dados, Ana Manso afirma que o Programa de Investimentos da Administração Central “continua a ser mau para a Guarda e para o Interior”, contribuindo para agravar o fosso entre o Litoral e o Interior. “Numa situação de crise, era precisamente o oposto que se esperava, ou seja, dar mais a quem mais necessita”, considera, adiantando que as desigualdades também são agravadas dentro do próprio Distrito, visto que apenas são contemplados três grandes projectos: o Tribunal de Gouveia, o Hospital da Guarda e o Museu do Côa.

“A análise pormenorizada concelho a concelho é mesmo um desconsolo, uma vergonha, chegando ao ponto de dois concelhos – Aguiar da Beira e Trancoso – nem sequer serem contemplados e o concelho de Manteigas ter uma verba, verdadeiramente ridícula, de 1000 euros”, diz a deputada social-democrata, frisando que “este PIDDAC prova que para o Interior e para a Guarda este Governo foi um falhanço total”, prolongando no tempo a não resolução dos problemas da interioridade.

Já Fernando Cabral, deputado do Partido Socialista na Assembleia da República, embora não esquecendo a redução da verba em relação a 2008, prefere referir que é preciso “ter em linha de conta o contexto de crise internacional que afecta também Portugal”. O deputado diz, por isso, que o PIDDAC da Guarda “corresponde às expectativas”. Além disso, “aquilo que são investimentos com que nós nos comprometemos em 2005, aquando das últimas eleições Legislativas, estão a ser desenvolvidos”, adianta Fernando Cabral.

Fonte Jornal Nova Guarda